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A tabuada deve ser entendida ou memorizada? Discutindo um velho dilema da matemática
Na escola de alguns anos atrás, saber a tabuada "na ponta da
língua" era ponto de honra para alunos e professores. Poucos educadores ousavam
pôr em dúvida a necessidade desta mecanização.
Na década de 60, porém, veio a Matemática Moderna e com ela
algumas tentativas de mudanças aconteceram. Não vamos discutir aqui as
características deste movimento, mas, dentre seus aspectos positivos,
destacava-se a necessidade da aprendizagem com compreensão.
Com isso, vieram as críticas ao ensino tradicional, entre elas a mecanização da tabuada. Assim, diversas escolas aboliram a memorização da mesma. O professor que obrigasse seus alunos a decorar a tabuada era, muitas vezes, considerado retrógrado.
Com isso, vieram as críticas ao ensino tradicional, entre elas a mecanização da tabuada. Assim, diversas escolas aboliram a memorização da mesma. O professor que obrigasse seus alunos a decorar a tabuada era, muitas vezes, considerado retrógrado.
O argumento usado, contrário à memorização, era basicamente
que não se deve obrigar o aluno a decorar a tabuada, mas sim, criar condições
para que ele a compreenda. Os defensores dessa nova tendência alegavam que, se o
aluno entendesse o significado de multiplicações como 2 x 2, 3 x 8, 5 x 7, etc.,
quando precisasse, saberia chegar ao resultado.
Alguns professores rebatiam esta afirmação alegando que, sem
saber a tabuada de cor, o aluno não poderia realizar multiplicações e divisões.
Hoje, ainda, essa discussão está presente entre nós. Porém, apesar das
divergências, uma opinião é unânime: deve-se condenar a mecanização pura e
simples da tabuada.
Compreender é fundamental. É inconcebível exigir que os
alunos recitem: "duas vezes um, dois; duas vezes dois, quatro;...", sem que
tenham entendido o significado do que estão dizendo. Na multiplicação, bem como
em todas as outras operações, a noção de número e o sistema de numeração
decimal, precisam ser construídos e compreendidos.
Memorizar ou entender? Que tal utilizar as duas ações?
Esta construção é o resultado de um trabalho mental por parte
do aluno. O termo tabuada é bastante antigo e designa um conjunto de fatos, como
por exemplo:
3 x 1 = 3, 3 x 2 = 6, 3 x 3 = 9, etc.
Esses fatos têm sido chamados, por diversos autores, de fatos fundamentais da multiplicação. Trabalhando com materiais concretos como papel quadriculado, tampinha de garrafa, palitos, explorando jogos e situações diversas, como quantos alunos serão necessários para formar 2 times de futebol, os alunos poderão, aos poucos, construir e registrar os fatos fundamentais que compõem a tabuada.
3 x 1 = 3, 3 x 2 = 6, 3 x 3 = 9, etc.
Esses fatos têm sido chamados, por diversos autores, de fatos fundamentais da multiplicação. Trabalhando com materiais concretos como papel quadriculado, tampinha de garrafa, palitos, explorando jogos e situações diversas, como quantos alunos serão necessários para formar 2 times de futebol, os alunos poderão, aos poucos, construir e registrar os fatos fundamentais que compõem a tabuada.
Proponha aos alunos que descubram quanto dá, por exemplo, 8 x
3. Desenvolva com eles quais são as formas que podem levá-los a encontrar a
solução para esta situação. Eles podem obter este resultado através de adições
sucessivas:
Mas podem também obter 8 x 3 de outro modo. Como 8 = 5 + 3,
podem perceber que:
8 x 3 = 5 x 3 + 3 x 3
Faça-os entender que a multiplicação agiliza o processo de
adição e que se eles souberem a tabuada “de cor”, poderão ser mais ágeis ao
resolver as operações. Uma vez compreendidos os fatos fundamentais, eles devem
ser, aos poucos, memorizados. Para isso, devem-se utilizar jogos variados. Como
por exemplo, bingo de tabuada, cálculos mentais e todo tipo de jogos que
contribuam para a memorização da tabuada.
A necessidade da memorização justifica-se. A fixação da mesma
é importante para que o aluno compreenda e domine algumas técnicas de cálculo.
Na exploração de novas idéias matemáticas (frações, geometria, múltiplos,
divisores etc), a multiplicação aparecerá com freqüência. Se o aluno não tiver
memorizado os fatos fundamentais, a cada momento ele perderá tempo construindo a
tabuada ou contando nos dedos, desviando sua atenção das novas idéias que estão
sendo trabalhadas.
Respondendo então a pergunta que dá título a esta leitura,
devemos dizer que o aluno não deve memorizar mecanicamente a tabuada, mas que a
memorização é importante sim. Insisto, porém, que esta memorização deve ser
precedida pela compreensão. A ênfase do trabalho deve ser posta na construção
dos conceitos. A preocupação com a memorização não deve ser obsessiva nem
exagerada.
Fonte: www.planetaeducacao.com.br
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