Recluso há mais de 10 anos, natural de Minas Gerais, e usufruindo do regime semiaberto, o estudante João*, de 48 anos, da Escola Estadual Mosenhor Adelmar da Mota Valença, localizada dentro do Centro de Ressocialização do Agreste (CRA), na zona rural de Canhotinho, Agreste do Estado, foi aprovado em 1º lugar no curso de Agronomia, campus Garanhuns da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Com nota 670,87, o estudante conquistou a vaga após prestar o Exame Nacional do Ensino Médio para Pessoas Privadas de Liberdade (Enem PPL). Assim como João, outros 125 estudantes privados de liberdade matriculados na rede estadual também conquistaram vagas em universidades. Nesta última edição do Exame, 657 estudantes privados de liberdade realizaram a prova.
Essa não é a primeira que João se candidata ao ENEM. No ano de 2014, ele ficou em 9º lugar no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM), com nota 876,00. “Este foi o terceiro ano de prova, e o primeiro aqui em Pernambuco. Recebi o total apoio para poder fazer o Enem”. Para ele, essa é mais uma oportunidade de crescimento pessoal, além de profissional. “O ENEM me trouxe a chance de poder provar para todos quem realmente sou. Hoje posso recomeçar minha vida, mesmo aos 48 anos”, disse.
João viu na área de Agronomia uma maneira de colocar em prática projetos agrários do qual idealizou no período de reclusão. “Eu precisava de um apoio acadêmico para conseguir realizar meus projetos. Enquanto eu estive na penitenciária em tempo integral, pude perceber que dentro do CRA possui muito potencial para projetos agronômicos”, explica o estudante que atualmente trabalha com manutenção de equipamentos eletrônicos durante o dia e retornar ao CRA à noite.
Para o gestor do Centro, Antônio Xisto Vilela, o objetivo da escola é receber os estudantes privados de liberdade colocá-los em uma condição social mais humana. “É gratificante para nós, equipe gestora, saber que a semente foi plantada e os frutos já estão sendo colhidos. Nossa escola trabalha para que esses estudantes tenham um ingresso no mercado de trabalho e sejam oportunizados positivamente no meio social. Essa aprovação é mais uma forma de sabermos que estamos no caminho certo. A qualidade de ensino está presente em quem acredita”, ressalta Antônio.
*Nome Fictício
Fonte: SEE
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